Para que se forme uma ideia do temor então manifestado pelos poderes constituídos em relação aos jornais republicanos, o autor explica que, a 11 de Abril de 1910, o Juiz de Instrução Criminal Almeida Azevedo, em carta a D. Manuel II, recomendava ao rei “lembrar aos ministros da guerra e da justiça a conveniência de não permitir a leitura de jornais republicanos nos estabelecimentos do Estado». E acrescentava: «Menciono dois ministérios. Podia referir-me a todos»”.
O Mundo, o jornal “sem medos”, por noticiar muito do que se passava nessa época, inclusive as notícias republicanas, foi várias vezes perseguido e suspenso pela polícia: “O Mundo era pela coragem, vigor, desassombro e admitamos que até despejo das opiniões expressas, o campeão das suspensões; reconhece-o, por exemplo, o Diário de Notícias (…) quando escreve «Ontem foi apreendido novamente o nosso colega O Mundo, a vítima predilecta das perseguições policiais». (…)
A situação de desfavor de O Mundo chegava, mesmo, a extremos que lhe conferiam lugar à parte no panorama da imprensa portuguesa coeva, porquanto este jornal era atingido não só por sucessivas apreensões e censuras, como, até, por «leituras prévias (censura) – estas últimas jamais realizadas contra outro qualquer jornal".
BAPTISTA, Jacinto, Um Jornal na Revolução: “O Mundo” de 5 de Outubro de 1910, Seara Nova, Lisboa, 1996
1 - Mostra a importância da Imprensa portuguesa no processo que desencadeou o fim da Monarquia.
1 comentário:
A leitura do documento mostra que o regime da Monarquia tinha cada vez mais opiniões contra si e que estavam a ser publicadas em jornais. Alguns destes jornais simpatizavam com as ideias republicanas e escreviam artigos a denunciar os exageros e abusos dos reis (sobretudo D. Carlos) e acusavam-nos e à corte de gastar dinheiro em demasia quando Portugal atravessava uma crise muito grave.
Os monárquicos não gostavam dessas críticas mas tinham medo de mandar encerrar definitivamente esses jornais e por isso umas vezes apreendiam e censuravam algumas edições e recomendavam que fosse proibida a leitura dos jornais republicanos nos serviços públicos.
Por isso podemos dizer que a comunicação social, que nesta época era a imprensa escrita, era vista como uma força muito poderosa e incómoda para a Monarquia.
Um outro aspecto mereceu a nossa atenção: o analfabetismo era muito elevado e por isso a imprensa nunca seria tão poderosa como é hoje, porque não era tão lida. Então os monárquicos tinham medo dos jornais republicanos sobretudo por causa da influência que estes podiam ter sobre as pessoas mais informadas e com melhor posição social.
Reflexão conjunta da turma do 9º A
Enviar um comentário